Cultura

MEDIZ LITERATURA – Marcos Jorge Nasser lança Poemas de Niterói – Volume V

Foto Vitor Vogel

Marcos Jorge Nasser reafirma sua vocação poética em nova coletânea na qual discorre sobre temas que vão da vida cotidiana a questões metafísicas e existenciais 

“O tempo-agora me invade/ E a aurora segue surgindo/ De dentro das coisas/ Bom é viver, e ser e estar”… As relações com o tempo, com coisas e fatos e – por que não? – com a própria vida são inerentes à poesia. Com Marcos Jorge Nasser, não é diferente. Artesão laborioso do verso, ele reafirma sua vocação poética e sua dicção própria em Poemas de Niterói – Volume V. Nesta coletânea, editada pela Ibis Libris e ilustrada pelo próprio autor, artista visual sensível, o poeta reúne textos nos quais discorre sobre questões existenciais e metafísicas, abraçando temas como o amor (do alvorecer a seu ocaso), a existência humana (e seu estar no mundo), a relação com o tempo e a finitude. Tais temas são desenvolvidos numa poética de estilo e dicção próprios, como destaca o poeta e compositor Lula Basto no prefácio: “Chama a atenção a impositiva maturidade artesanal, prenhe de arcabouços poéticos, que se autodefinem por seu teor singular, por seu narrar literário personalíssimo”.

Marcos Nasser tinha 9 anos quando chegou a Niterói, aonde o pai imigrante levou a mulher e os seis filhos. Na cidade fluminense, Nasser cresceu, fixou residência e escreveu, ainda na juventude, os primeiros versos, influenciados pela leitura de mestres como Gonçalves Dias (1823-1864), Jorge de Lima (1893-1953) e Murilo Mendes (1901-1975) – e cujos ecos reverberam ainda em sua escrita. Sua poética, no entanto, não está circunscrita a Niterói. A cidade é o ponto de partida para o escritor girar seu caleidoscópio e alargar seu olhar e sua fala ao mundo e à vida em si.

“Águas da baía ociosas/ Retêm ontens (…) Sal que não conserva os corpos/ E água, água, muitas águas”… Sim, o poeta vai das paisagens idílicas à crueza da vida (“O real nesse irreal/ O irreal nesse real”). E nada escapa da sua mirada, do vaivém dos homens pelas ruas (“Quantas faces indiferentes constroem/ Comigo o tempo/ A caminho da morte”) à labuta das prostitutas, cujo trotoir começa – onde mais? – nas ruas: “Mas os olhos bem pintados/ Mexem-se, revivirados;/ Olham sem olhar o que olham/ Revelam pântanos d’alma”.

O amor serve à poesia desde tempos imemoriais. E não escapa à verve de Nasser. “Viver ou morrer/ Não importa,/ Importa o amar”, reconhece o poeta antes de dissecar esse estado de arrebatamento em diferentes vertentes. E elas incluem o amor na sua alvorada (“Onde brota o amor/ Os campos renascem// O tempo é o instante:/ O instante em que surges”),  culminando no seu ocaso: “Vamos seguir como agora/ Cada qual na sua toca/ Nem feliz, nem infeliz:/ Seguir apenas calados”.

O poeta não está alheio ao tempo e sua fugacidade, como deixa transparecer nos versos: “Os ventos buscam funis/ Os sons somem no silêncio/ A vida nunca retorna”.  A finitude, este claro (e grande) enigma existencial, leva o poeta a refletir sobre a questão de forma tocante:  “De repente, em plena tarde/ Alguma coisa acontece: (…) De repente a vida some,/ Evapora se dissolve”. Ou, como ele constata em outro poema: “Sabemos da morte/ O que a vida permite”.

E o que Nasser nos permite é uma experiência singular e elaborada, possível através da poesia. Essa mesma que, como reconhece Lula Basto no prefácio, ele extrai de jazidas secretas. Sim, certos poetas lidam com preciosidades. É o caso de Marcos Jorge Nasser.

Serviço:

Título: Poemas de Niterói – Volume V

Autor: Marcos Jorge Nasser

Editora: Ibis Libris

Lançamento: maio de 2025

Número de páginas: 144

Formato: 16 x 23cm

Preço: R$ 70,00

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