“Camarão que dorme a onda leva”. Figura central da música brasileira, Zeca Pagodinho será o vencedor e grande homenageado da nona edição do Prêmio UBC, em 2025. Pela primeira vez, o prêmio criado pela União Brasileira de Compositores (UBC) reconhece um artista do samba, gênero que há mais de um século se mantém como símbolo de identidade e resistência cultural no país. A cerimônia acontecerá dia 10 de dezembro, na Casa UBC, sede da entidade, no Rio de Janeiro.
A UBC, maior sociedade de gestão coletiva de direitos autorais do país, criou o Prêmio UBC em 2017. Na estreia, o homenageado foi Gilberto Gil. Nos anos seguintes, receberam a honraria Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Herbert Vianna, Djavan, Alceu Valença, Caetano Veloso, Rita Lee e Roberto de Carvalho. Agora, a homenagem segue em boas mãos.
“ É um orgulho ser o primeiro sambista a ser escolhido para o Prêmio UBC e entrar na galeria de tantos amigos já escolhidos. E viva o Samba!“, celebra Zeca Pagodinho
O Prêmio UBC 2025 terá direção artística de Max Pierre e Victor Kelly. Em um show surpresa até para o próprio Zeca, convidados, artistas e personagens que marcaram sua trajetória irão interpretar ao vivo versões inéditas de seu repertório autoral.
“Zeca Pagodinho é um dos grandes pilares da música popular brasileira. É uma honra imensa celebrá-lo no Prêmio UBC 2025. Sua arte única e sua autenticidade nos presenteiam com memória, resistência e identidade cultural. Com verdade, excelência e amor ao samba, abriu caminhos para novas gerações e consolidou o gênero como expressão fundamental da nossa cultura. Zeca Pagodinho é, e sempre será, um orgulho nacional”, afirma Paula Lima, presidenta da UBC.
O legado autoral de um mestre da música brasileira
Zeca Pagodinho é autor de 143 composições cadastradas e soma 1.156 gravações musicais realizadas. Entre os intérpretes que mais gravaram suas canções estão Arlindo Cruz (1º lugar), Dudu Nobre (2º), Beth Carvalho (3º), Jorge Aragão (4º) e Sombrinha (5º).
Nos últimos cinco anos, as canções de sua autoria mais executadas publicamente foram “Não sou mais disso”, “Camarão que dorme a onda leva”, “Faixa amarela”, “Quem é ela” e “Vou botar teu nome na macumba”. Já as três mais regravadas são “Lama nas ruas”, “Não sou mais disso” e “Judia de mim”.
Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC, afirma que “ter o Zeca como homenageado representa um aceno carinhoso ao mundo do samba, parte fundamental da música brasileira. Um dos gêneros que mais reverencia e valoriza o trabalho autoral, que credita o compositor antes de cada canção e que mais entende o papel fundamental do autor”. Para ele, “Zeca é um pedaço valioso do Brasil autoral, com sua irreverência e autenticidade ímpar, e é um prazer para a UBC aplaudir esta carreira brilhante e transcendente”.
No início dos anos 1980, Zeca teve sua primeira música gravada: “Amargura”, composta em parceria com o flautista Claudio Camunguelo, lançada no segundo disco do grupo Fundo de Quintal. A proximidade com o grupo o levou a conhecer Beth Carvalho, a Madrinha do Samba, que também se tornou sua madrinha musical. Foi ela quem gravou, em 1983, o primeiro grande sucesso de Zeca, “Camarão que Dorme a Onda Leva”, em parceria com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço.
Pouco depois, o pagode e o partido-alto se preparavam para ganhar o Brasil. Em 1985, a gravadora RGE lançou a coletânea Raça Brasileira, que reuniu Zeca Pagodinho, Mauro Diniz, Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor e Elaine Machado. O disco trouxe composições de Zeca como “Mal de Amor”, “Garrafeiro”, “A Vaca” e “Bagaço da Laranja”, e vendeu 100 mil cópias. O sucesso levou, no ano seguinte, ao lançamento de seu primeiro álbum solo, Zeca Pagodinho (1986), que emplacou clássicos como “Coração em Desalinho”, “Quando Eu Contar (Iaiá)”, “Judia de Mim” e “Brincadeira tem Hora”, atingindo a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
Nas quatro décadas seguintes, com 25 álbuns lançados, Zeca consolidou-se como um dos maiores representantes do samba, reconhecido internacionalmente como um dos grandes artistas brasileiros. Sua trajetória inclui quatro prêmios Latin GRAMMY, de um total de 12 indicações, além de inúmeros sucessos que se tornaram parte do repertório popular do país. Em 2025, o artista celebrou seus 40 anos de carreira com o lançamento do álbum Zeca Pagodinho – 40 anos (Ao Vivo).
“Num país de poucas unanimidades; num país tão dividido; Zeca Pagodinho, sem dúvida, é uma unanimidade. E é uma unanimidade de gerações; é uma unanimidade de estilos; ele é uma unanimidade em tudo. Então, mais que merecido: representando o samba; representando uma carreira vitoriosa, não só de muitos sucessos, mas também de ser porta-voz e, ao mesmo tempo, de ser uma pessoa que sempre se preocupou em trazer os seus parceiros, compositores, músicos; formou tantos músicos incríveis; ajudou; valorizou tantos músicos, músicos geniais. O Zeca, realmente, é uma marca do samba e da música de qualidade do Brasil”, salienta Wilson Simoninha, diretor vogal da UBC.
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SOBRE A UBC
A União Brasileira de Compositores – UBC é uma associação sem fins lucrativos, dirigida por autores, que tem como objetivo principal a defesa e a promoção dos interesses dos titulares de direitos autorais de músicas e a distribuição dos rendimentos gerados pela utilização das mesmas, bem como o desenvolvimento cultural. A UBC foi fundada em 1942 por autores e atua até hoje com dinamismo, excelência em tecnologia da informação e transparência, representando mais de 70 mil associados, entre autores, intérpretes, músicos, editoras e gravadoras.