Cinema

Com depoimentos inéditos de conspiracionistas, documentário investiga teorias negacionistas e de desinformação

Nem no espaço o astronauta francês Thomas Pesquet esteve a salvo de ataques nas redes sociais. Ele, que utiliza as plataformas para publicar relatos e imagens a bordo de espaçonaves, compartilhando um pouco da rotina de sua profissão, foi alvo de ofensas. Suas páginas receberam dezenas de comentários negativos, informações falsas e ele foi acusado de fabricar as fotos. Pesquet é um dos personagens do filme inédito “A Terra é Redonda: O Universo na Era da Desinformação”, que estreia com exclusividade no Curta!, e investiga a origem, as consequências e a evolução dos movimentos negacionistas.
“Nas redes sociais tem também o lado do anonimato, que dificulta que alguém venha na minha cara e diga que sou mentiroso e canalha. Na vida real ninguém faz isso. Todo esse tipo de discurso ficou muito mais livre, essas teorias da conspiração só pioraram”, lamenta Pesquet.

 

O documentário, com direção e roteiro de Pierre Zéau e Elsa Guiol, analisa como a difusão de mentiras promove a desconfiança no conhecimento, numa ofensiva contra a ciência e o pensamento crítico. Com imagens de arquivo e depoimentos inéditos de cientistas e especialistas, a obra traz também a opinião de influenciadores que disseminam teorias da conspiração, a fim de entender suas táticas e ideias.

Teorias da conspiração sempre existiram, mas ganharam terreno com maior força a partir do fim dos anos 60, com a chegada do homem à Lua. A conquista espacial é uma das três áreas estudadas no documentário, que também aborda a teoria da Terra plana e a crença em encontros e aparições alienígenas. Em comum, seus defensores ignoram evidências, distorcem dados e, nas redes sociais, encontraram um novo espaço para propagar suas especulações.

Em favor de suas crenças, as pessoas passaram a desacreditar de séculos de conhecimento e estudos comprovados. Ainda que algumas teorias pareçam inofensivas, elas fazem parte de um contexto perigoso. Com objetivos políticos e se aproveitando de cenários de tensão, podem provocar danos ainda maiores à sociedade.

 

“As teorias de conspiração sobre o espaço são tão absurdas, com um custo tão alto em termos de verossimilhança, que acabam funcionando como máquinas de captar atenção. E isso pode servir justamente como forma de introdução. A ideia é fisgar o público com esse tipo de conteúdo, para depois levá-lo a outras narrativas de outros temas”, afirma o Diretor do Observatório da Conspiração, Rudy Reichstadt.

 

Ao explorar a responsabilidade dos meios de comunicação, plataformas digitais e da sociedade civil na veiculação de informações e conhecimento sérios, o documentário analisa como superar as descrenças, que acabam por colocar em risco a democracia.
“Na sociedade em que quero viver, o conhecimento científico é compartilhado e serve de base para descobertas e avanços futuros. O conspiracionismo, ou o que poderíamos chamar de obscurantismo, tenta impedir isso”, denuncia o físico Christophe Galfard.
“A Terra é Redonda: O Universo na Era da Desinformação” é uma produção da Together Media e da Babel DOC. O documentário também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A exibição é no dia temático das Sextas de História e Sociedade, 19 de dezembro, às 21h

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *