
Reunindo 64 obras inéditas, será inaugurada no dia 13 de dezembro a exposição “Coletiva Z”, que apresentará a mais recente produção dos artistas Benoit Fournier, Cláudia Lyrio, Fernanda Leme, Ilana Zisman, Kakati de Paiva, Laura Fragoso, Marcio Atherino e Maria Raeder, na Z42 Arte, no Cosme Velho. A mostra apresentará pinturas, esculturas, instalação e fotografias, que pensam o eu, o outro, a sociedade e a natureza, e mostram ao público, de maneira acessível, um pouco das pesquisas autorais que os artistas vêm desenvolvendo. Em comum, todos os artistas possuem ateliê no espaço.
“A Coletiva Z nasce do desejo de reunir vozes singulares que investigam identidades, relações e paisagens. Cada artista apresenta um recorte único de sua pesquisa, construindo um panorama acessível e potente da produção contemporânea. É uma oportunidade especial de revelar ao público a riqueza da criação dos artistas da casa, cujas poéticas, em diálogo, se encontram e se complementam”, diz Zyan Zein, diretora da Z42 Arte.
Grande parte da mostra será composta por pinturas, em diferentes técnicas. Cláudia Lyrio, cujo trabalho traz como tema o tempo cíclico da vida, através da observação da paisagem e do contexto ambiental, apresentará aquarelas da série Simbiose e pinturas da série de pássaros em grisalha e paisagens. Também tendo a natureza como tema, Benoit Fournier apresentará a série de pinturas “Paisagens metabólicas”, nas quais minhocas, fluxos de argila, minerais e água traçam linhas vivas nas obras, em um processo que revela dinâmicas ecológicas reais e um solo em transformação contínua. Além das pinturas, o artista apresentará duas esculturas em cerâmica também ligadas à agrofloresta, que reconhece o solo como um organismo vivo e regenerativo.
Já Fernanda Leme mostrará pinturas nas quais pesquisa a imagem na contemporaneidade, traçando um paralelo entre a efemeridade das imagens e das relações. Entre as obras apresentadas, estará “Três Ursulinas”, baseada em uma foto dos anos 1970, que traz a imagem de três moças com camadas gráficas formando um espelho estilhaçado. Márcio Atherino também apresentará uma série de pinturas feitas este ano, na fronteira entre o figurativo e o abstrato, que dialogam entre si através das cores, do material e do movimento das pinceladas. A obra “Desconstrução”, por exemplo, sugere rostos que se desfazem.
As relações de poder presentes nas imagens midiáticas são analisadas pela artista Maria Raeder, que investiga como essas imagens selecionam, ocultam e organizam narrativas. Na exposição, ela apresentará obras da série “Primaveras”, na qual fotografias jornalísticas de protestos recebem camadas de tinta que ocultam os manifestantes. O apagamento funciona como metáfora da invisibilização dos corpos em luta, e as imagens destacam vestígios de presença e ausência, evidenciando as formas de silenciamento e violência simbólica produzidas pelo poder e reproduzidas pela mídia. As camadas de tinta também tem um papel importante na obra de Kakati de Paiva. O objetivo principal de suas pinturas é representar os sentidos do ser humano através de camadas em cor, sendo cada uma referente a um sentido. A sincronização dos alinhamentos desenvolvidos nessas camadas de tinta remetem a relações e diálogos existentes nos nossos sentidos.
Composta por diversas obras, a instalação “Arquivo: Britcheva”, da artista Ilana Zisman, parte de uma pesquisa sobre o massacre ocorrido em 1941, em Tiraspol, na Moldávia, cidade para onde a família da artista tentou fugir durante a Segunda Guerra Mundial. Após o massacre, os corpos foram enterrados em uma fossa comum, impossibilitados de reconhecimento. A partir desse episódio, perguntando-se sobre como elaborar uma memória sem corpo, a artista criou a instalação com pinturas, esculturas e lâminas de microscópio que pensa nesses corpos implicados pela terra e pela violência e sua possível sobrevivência no presente.
Já Laura Fragoso apresentará esculturas e fotografias da série “Crisálida”, que representa a necessidade humana de retorno ao casulo, fechando-se para o mundo. Nas esculturas, os casulos se formam em diferentes lugares, com identidades diversas; nas fotografias, a cola de isopor arrancada da pele, representa o doloroso e libertador processo de expansão.
SOBRE A Z42 ARTE
A Z42 é um espaço de arte que integra ateliês, salões expositivos, workshops e performances, fomentando à produção e à circulação da arte contemporânea na cidade do Rio de Janeiro. Localizada em um casarão histórico da década de 1930, o espaço possui arquitetura eclética e generosos salões expositivos.
SOBRE OS ARTISTAS

Benoit Fournier é um artista plástico francês radicado no Brasil desde 2006, cuja prática emerge da relação profunda entre natureza, matéria e paisagem. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, investiga, por meio de instalações, pinturas, esculturas e fotografias, modos de habitar e interagir com o ambiente. Inspirado pela sintropia e por processos biológicos, concebe sua obra como um sistema vivo em constante transformação. Seu trabalho já foi apresentado em instituições no Brasil e no exterior e integra coleções públicas e privadas.

Cláudia Lyrio é artista carioca cujo trabalho busca entrelaçar Arte, Literatura e Natureza. Ficções e fabulações formam a linha recorrente de sua poética que tem como núcleo temático o tempo cíclico da vida, com observação da paisagem e do contexto ambiental. Sua produção mais recente, um livro manuscrito sobre tela, apresentado este ano no Paço Imperial/RJ, dá à força gráfica da escrita o protagonismo da visualidade. Lyrio é doutoranda do PPGAV UFRJ na linha de Poéticas Interdisciplinares.

Fernanda Leme é uma artista plástica carioca, sua obra parte de apropriação e edição de imagens de diversas origens, como arquivos pessoais, mídias e memória. Discute temas da contemporaneidade como a sociedade líquida, a fugacidade das imagens enfatizando a relação entre pintura e fotografia, explorando a duração e a efemeridade das imagens na era digital.
Ilana Zisman é artista visual, psicóloga e educadora. Parte da sua memória familiar do Holocausto para trabalhar com as heranças e silêncios da violência histórica, operando nos campos do trauma intergeracional, da memória e do arquivo.

Kakati de Paiva nasceu no Rio de Janeiro em 1957. Vem participando de exposições individuais e coletivas onde em sua poética abstrata fica muito claro uma procura por um olhar pictórico figurativo, nas quais suas representações geométricas/informais apresentam características que o levam a uma denominação de um artista colorista vibrante. Seus trabalhos percorrem um diálogo constante entre seus planos de pintura onde se desenvolvem num pensamento que permeia momentos sempre ligados a limites, espaços que dialogam entre si e que de alguma forma disputam em conflitos atemporais, ritmos e descansos nessas ligações.
Laura Fragoso é alagoana, mestre em Artes Visuais pela UFRJ desde 2018, suas principais ferramentas são a fotografia, o vídeo e a projeção. Sua pesquisa discute a relação entre o ser e o espaço e do indivíduo com o lugar.

Marcio Atherino é formado em Economia. A partir de 1997, deixou de atuar no Mercado de Capitais para se dedicar integralmente às Artes Plásticas. Fez cursos na EAV do Parque Lage, entre outros, além de diversas exposições nacionais e internacionais.

Maria Raederr vive e trabalha no Rio de Janeiro. É Pós-graduada em Arte e Filosofia pela PUC-Rio e formada em Arquitetura. Realizou cursos em instituições como EAV-Parque Lage, Paço Imperial e Glassell School of Art (EUA). Sua pesquisa investiga as relações de poder e os regimes de visibilidade das imagens midiáticas por meio de subtrações, apagamentos e sobreposições que desestabilizam a percepção e questionam os modos de ver. Participou de diversas exposições em instituições culturais como Paço Imperial (RJ), Centro Cultural dos Correios, com obras em coleções particulares e no acervo da Z42 Arte.
Serviço: Coletiva Z
Abertura: 13 de dez de 2025, sábado, das 16h às 20h
Exposição: até 21 de dezembro, de 12h às 18h
Z42 Arte
Rua Filinto de Almeida, 42 – Cosme Velho
Telefone: (21) 98148.8146
Entrada gratuita