
Foto: @beauty_aramisfreitas
Iranette Ferreira Barcellos, a querida Tia Surica, é um dos maiores ícones vivos do samba e da Velha Guarda da Portela. Com mais de seis décadas de dedicação à música e à comunidade, ela é considerada a matriarca do samba carioca; uma mulher que ajudou a preservar e difundir a cultura afro-brasileira e a história da Portela e de Madureira, territórios sagrados do samba e da resistência cultural.
Aos 85 anos, que foram celebrados dia 17 de novembro, Tia Surica continua ativa e inspiradora, levando o samba para novos públicos e mantendo viva a tradição que ajudou a construir. Sua famosa Feijoada da Tia Surica, reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro, é mais do que um evento: é um símbolo de resistência, alegria e pertencimento, uma verdadeira celebração da alma de Madureira.
A trajetória de Tia Surica é marcada por conquistas e pioneirismo. Foi a primeira mulher a interpretar um samba na avenida, no Carnaval de 1966; lançou seu primeiro álbum, Tudo Azul, aos quase 60 anos; e tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente de Honra da Portela, um marco histórico que reforça seu papel como líder respeitada, mulher negra e referência de força feminina no samba.
Em Madureira, o lendário Cafofo da Surica é o coração pulsante dessa história. O espaço, que já recebeu sambistas de várias gerações para saborear a tradicional feijoada e celebrar o samba em sua forma mais autêntica, está passando por um processo de reforma e revitalização. O objetivo é preservar o legado e garantir que as rodas de samba continuem sendo um ponto de encontro entre cultura, comunidade e memória, perpetuando o espírito acolhedor e festivo da Portela.
Mesmo após tantos anos de estrada, Tia Surica segue sonhando e realizando. Em breve, ela embarca para Portugal, onde vai viver um momento especial: uma feijoada e uma roda de samba em solo português, unindo culturas irmãs e levando a alma de Madureira e do samba carioca além do Atlântico. É mais uma prova de que o samba e o amor pela Portela não conhecem fronteiras.
Entre seus projetos mais recentes está a série documental Tia Surica – A Matriarca do Samba, atualmente em fase de captação de recursos. Em oito episódios, a produção contará a trajetória dessa mulher extraordinária, sua ligação com a Portela e sua contribuição fundamental para a preservação da cultura afro-brasileira e da força feminina no samba.
Tia Surica é, antes de tudo, resistência, afeto e alegria. Aos 85 anos, ela segue sendo a voz firme e doce que faz o coração de Madureira bater no ritmo do samba, a história viva de um Brasil que canta, celebra e resiste.