Elenco de Música para Ninar Dinossauros
A peça traz a história de três amigos solitários incapazes de estabelecer relações convencionais, que contratam garotas de programa para fazer companhia, mas acabam por estabelecer relações de afeto com elas, por mais que tentem evitar
Na próxima sexta-feira, 3 de outubro de 2025, às 21h, o público poderá conferir a estreia de “Música para Ninar Dinossauros”, com texto e direção de Mário Bortolotto, no Teatro Cemitério de Automóveis, em São Paulo. A montagem marca o retorno de Bortolotto com uma obra potente e provocadora, que revisita uma geração inteira por meio de personagens intensos, solitários e em busca de sentido. O espetáculo fica em cartaz até o dia 26 de outubro.
A peça conta a história de três amigos que vivem reclusos em uma casa, sem nunca sair. Para amenizar a solidão, contratam garotas de programa para lhes fazerem companhia. A trama alterna passado e presente, revelando que, mesmo 15 anos antes, eles já eram incapazes de estabelecer relações convencionais com mulheres.
Mais do que um drama intimista, “Música para Ninar Dinossauros” é, nas palavras do autor, um “check-up de uma geração de homens extremamente solitários e que não conseguem mais estabelecer relações de afeto e de intimidade”. São homens que nasceram nos anos 60, criados sob as explosões de rebeldia e liberdade, mas que hoje, quase 60 anos depois, se veem diante de uma encruzilhada: o que poderiam ter feito com suas conquistas e o que, de fato, conseguiram realizar.
“É uma peça sobre homens da minha geração. Me vejo espelhado neles e identifico muitos amigos da mesma época. Sou um cara solitário e gosto de viver assim. Posso passar dias trancado em casa sozinho, só lendo, escrevendo ou assistindo filmes, mas, ocasionalmente, preciso sair e me misturar com a rapaziada nos bares, trocar ideia, beber com eles e ouvi-los. É importante, inclusive, para o meu ofício. Seria algo como “reivindicar o tumulto” como diria o meu amigo Reinaldo Moraes. E a peça é sobre homens assim, que estão tentando não cair do precipício íngreme onde chegaram e já não sabem como fazer para voltar. Não são homens em construção ou desconstrução como se diz muito por aí hoje. Os meus personagens são apenas quebrados e sem saída. Foram condenados a solidão e acho que eles inclusive fizeram por merecer”, diz o diretor Mário Bortolotto.
Com elenco numeroso e a marca inconfundível do Cemitério de Automóveis, o espetáculo é um mergulho profundo na fragilidade das conexões humanas, colocando o público frente a frente com os dilemas emocionais de uma geração que sonhou com liberdade, mas encontra-se aprisionada pela solidão.
Com elenco duplo, que encarna os mesmos personagens em fases diferentes da vida, a peça provoca reflexões sobre escolhas, consequências e a fragilidade das conexões humanas.
Sobre esta alternância entre os personagens no presente e 15 anos antes, Bortolotto comentou como foi o trabalho de direção para garantir essa conexão entre os atores mais jovens e os mais velhos, mantendo a essência de cada personagem.
“Não é muito difícil. Acho que o princípio de tudo é saber escolher o elenco. Procurar afinidades entre os atores que estão interpretando os dois personagens. E a partir daí, conversar sobre o texto e explicar, principalmente, aos atores mais jovens, sobre o que estamos falando. Eles não viveram muito do que escrevi na peça, então, é necessário situá-los, colocá-los dentro do universo proposto pelas cenas, que é diferente do que eles estão vivendo hoje. A quinta cena da peça, quando eles conversam exatamente sobre essas diferenças, ilustra bem o que estou falando”.
Elenco
O elenco conta com grandes atores e atrizes: Ana Rita Abdalla, Biah Ramos, Carolina Cardinale, Carcarah, Débora Stter, Eldo Mendes, Giovanna Federzoni, João Bourbonnais, Mário Bortolotto, Nelson Peres, Pedro Pedreschi, Thamires Meraki.
Biah Ramos, que se popularizou em 2020 na personagem de Ivete de Malhação: Toda Forma de Amar, da Rede Globo, interpreta, na peça, a garota de programa Emília. Ela diz que a peça levanta questões sobre afeto, intimidade e solidão de uma geração.
A atriz Biah Ramos, interpreta a personagem Emília, que é uma garota de programa que frequenta aquele ambiente há algum tempo. Ela vai apenas para cumprir seu trabalho, já que a quantia que recebe agrada a ela, e acabou se acostumando com a presença daqueles homens.