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Whindersson Nunes com alto QI: Entenda as consequências do diagnóstico

Fotos: Dr. Fabiano de Abreu Agrela (MF Press Global) Foto Ilustrativa (Reprodução)

A revelação feita por Whindersson Nunes no programa Fantástico, no último domingo (3), acendeu o debate sobre um tema muito mal compreendido, o real impacto da superdotação.

O humorista relatou ter sido diagnosticado com quociente intelectual (QI) de 138 pontos após uma internação para tratar dependência de álcool, valor que o coloca entre os 2% da população com habilidades cognitivas significativamente acima da média.

Mas apenas esse dado, quando analisado de forma isolada, não representa um privilégio absoluto. Longe do mito do “gênio realizado e equilibrado”, o diagnóstico de superdotação muitas vezes caminha junto com desafios emocionais e cognitivos silenciosos.

“A sociedade ainda vincula a superdotação à ideia de sucesso automático ou facilidade intelectual irrestrita, mas na realidade muitos superdotados enfrentam sobrecarga mental, insônia, crises existenciais, ansiedade e até depressão”, explica o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD neurocientista, mestre em psicologia e pesquisador de referência em inteligência e comportamento humano, detentor do recorde de maior QI do Brasil homologado pelo livro dos recordes nacional RankBrasil.

Superdotação não é só matemática
A fala de Whindersson também ajuda a quebrar outro estigma: o de que superdotados se destacam apenas em matemática, lógica ou ciências exatas. A inteligência de alto nível pode manifestar-se de múltiplas formas, seja nas artes, na linguagem, na música ou na criatividade, como é o caso do humorista.

“A superdotação deve ser compreendida em sua pluralidade. O pensamento rápido, a sensibilidade emocional, a capacidade criativa e a produção simbólica intensa também são expressões legítimas de inteligência elevada”, destaca Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

O Brasil ainda está atrasado na compreensão da superdotação
De acordo com o especialista, o Brasil ainda se encontra significativamente atrasado no reconhecimento e no tratamento adequado das Altas Habilidades. O país carece de políticas públicas robustas, protocolos diagnósticos padronizados e formação específica de profissionais.

“Relatórios internacionais, como os da IIS Society, já identificaram diversos casos de erros na interpretação de testes de QI, especialmente em contextos onde a padronização não é respeitada. Isso mostra o despreparo técnico para lidar com uma condição que exige precisão e compreensão ampla”, afirma o neurocientista.

Além disso, Dr. Fabiano de Abreu Agrela reforça que a maioria dos superdotados não possui comorbidades como TDAH ou autismo. No entanto, os que procuram avaliação muitas vezes o fazem devido a comportamentos disfuncionais que geram sofrimento ou prejuízo social e não apenas por curiosidade intelectual.

“Existe uma parcela significativa de superdotados que vivem bem, que não apresentam queixas clínicas e que, por isso, jamais procuram um profissional para serem testados. A superdotação não é, em si, uma patologia, mas quando há sofrimento associado, como no caso de Whindersson, é essencial compreender que o problema pode estar ligado a outros fatores, que vão além da condição intelectual.”

A mente que não desliga
Ao declarar publicamente: “Não consigo controlar meus pensamentos”, Whindersson deu voz a um dos sintomas mais recorrentes entre superdotados, a hiperatividade cognitiva. Essa atividade mental constante, por vezes incontrolável, pode levar à exaustão, insônia, procrastinação seletiva, dificuldade de foco e sofrimento emocional.

“O excesso de cognição, quando não é compreendido ou bem gerido, pode comprometer a saúde mental. Muitos superdotados desenvolvem crises existenciais precoces, sensação de inadequação social e cansaço mental recorrente”, explica o Dr. Fabiano de Abreu.

Por isso, o diagnóstico, quando bem conduzido, pode ser um ponto de viragem. Ajuda o indivíduo a compreender sua própria estrutura cognitiva e emocional, favorecendo o autoconhecimento e a adoção de estratégias de equilíbrio.

“Saber que se tem Altas Habilidades é apenas o início. O mais importante é aprender a gerir a mente, compreender os próprios limites e desenvolver mecanismos de autorregulação. Esse é o verdadeiro caminho da alta performance saudável e sustentável.”

Ao final da entrevista, Whindersson sintetizou esse processo com uma frase reveladora:

“O que eu posso fazer? Me preparar para as piores fases e não deixar a melancolia dominar a minha mente.”



Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB/P0149176 é Pós-PhD em Neurociências, eleito membro da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society (mais de 200 membros da Sigma Xi já receberam o Prêmio Nobel), além de ser membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, da Royal Society of Biology e da The Royal Society of Medicine no Reino Unido, da The European Society of Human Genetics em Vienna, Austria e da APA – American Philosophical Association nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em História e Biologia, também é Tecnólogo em Antropologia e Filosofia, com diversas formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Dr. Fabiano é membro de prestigiadas sociedades de alto QI, incluindo Mensa International, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society e HELLIQ Society High IQ. Ele é autor de mais de 330 estudos científicos e 30 livros. Atualmente, é professor convidado na PUCRS e Comportalmente no Brasil, UNIFRANZ na Bolívia e Santander no México. Além disso, atua como Diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e é o criador do projeto GIP, que estima o QI por meio da análise da inteligência genética.

Dr. Fabiano também possui registro de jornalista, tendo seu nome incluído no livro dos registros de recordes por conquistar quatro recordes, sendo um deles por ser o maior criador de personagens na história da imprensa.

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