Fotos: Reginaldo Teixeira
Livro organizado por Carlos Leal foi lançado dia 8 de maio na Livraria Argumento em homenagem ao legado de um dos maiores fotógrafos do Brasil
“A câmera na mão, o braço cheio de pulseiras, as botas com salto, cabelos passando dos ombros, um sotaque carioca forte
com um toque diferente na fala – seria uma língua presa? Assim era o pacote de encantamento que o fotógrafo Antonio
Guerreiro oferecia a quem estivesse em seu entorno.” – Bob Wolfenson, fotógrafo.
Nos anos 1970 e 1980, o nome Antonio Guerreiro era uma unanimidade entre artistas, personalidades e celebridades brasileiras quando o assunto era fotografia, especialmente retratos. Algumas destas imagens estão reunidas no livro Portraits, organizado por Carlos Leal e publicado pela Barléu Edições, em homenagem ao legado de Guerreiro, considerado um dos maiores fotógrafos do Brasil. Ele eternizou, por meio de suas lentes, personalidades icônicas da música, do teatro, do cinema e da literatura, criando um registro visual que se tornou parte da memória afetiva e cultural do país. O lançamento do livro aconteceu dia 8 de maio, quinta-feira, na Livraria Argumento, no Leblon.
“Antonio Guerreiro se tornou o maior retratista de seu tempo e esse livro é um registro de sua memorável trajetória, apresentando uma seleção icônica das suas fotografias, que marcaram uma época. Ele merecia uma obra à sua altura.” – explica Carlos Leal, que assina um dos textos do livro. Conhecido como “o fotógrafo das estrelas”, Guerreiro construiu uma carreira que ia além do mero registro estético; suas imagens capturavam a essência de seus retratados. Pelas suas lentes passaram Caetano Veloso, Gal Costa, Rita Lee, Sonia Braga, Sandra Brea, Fernanda Montenegro, Scarlet Moon, Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes e Hélio Oiticica, entre outros. Além das fotos, a obra conta com textos de Bob Wolfenson – que trabalhou como seu assistente nos anos 1970 -, Luiz Carlos Lacerda – amigo de infância, quando estudaram Colégio São Fernando – e do fotógrafo Luiz Garrido – que trabalhoucom ele na revista Machete -, além de um depoimento de sua irmã, Fernanda Brito Ferreira Neves. Cada texto contextualiza a importância do trabalho de Guerreiro e mostra sua contribuição para a arte fotográfica em diferentes épocas.
Antonio Guerreiro fotografou durante um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil. Nos anos de chumbo da ditadura militar, seu estúdio se tornou um espaço de resistência cultural e, enquanto o regime reprimia artistas e intelectuais, Guerreiro celebrava a liberdade por meio da arte. Muitas de suas fotografias foram censuradas na época, mas ele seguiu registrando sua visão de um Brasil vibrante, sensual e expressivo. Imagens que se transformaram em símbolos de um período de criatividade e ousadia, mesmo em tempos de repressão.Entre as imagens selecionadas para o livro estão retratos de Sandra Brea, Zuzu Angel, Sonia Braga, Nelson Rodrigues cercado pelas atrizes Regina Casé, Cristina Aché, Ana Maria Magalhães, Sura Berditchevsky e Sônia Dias, que atuaram no filme “Os sete gatinhos”, as Frenéticas, e o Dzi Croquetes e Leila Diniz, além de Maria Gladys, em um ensaio sensual.
“Assim como Rembrandt, Caravaggio e Hopper foram reconhecidos na
História da Arte pela originalidade e peculiar uso da luz natural
reproduzida em suas telas, o fotógrafo Antonio Guerreiro ficou
reconhecido como um grande artista da iluminação, priorizando nos
seus estúdios a beleza feminina.” – Luiz Carlos Lacerda, cineasta.